segunda-feira, 27 de setembro de 2010

QUEM SOU EU?

01 ano: aprendi que eu era meu corpo. Podia me mover pra lá e pra cá, coçar meu rosto e chorar, pra que alguém matasse minha fome.

02 anos: aprendi que eu não era meu corpo, eu era sentimentos. Tinha coisas que eram agradáveis e desagradáveis, existiam gostos bons e ruins, doces e amargos. E essas coisas eram sensações que meu corpo me dizia. Então eu não era meu corpo, eu era sentimento!

04 anos: aprendi que eu não era sentimentos, eu era mente. Eu não precisava ver um cachorro pra saber que ele existia. Bastava imaginar. E imaginar coisas boas me fazia me sentir bem, imaginar coisas ruins me deixava mal. Então eu não era sentimento, eu era mente!

10 anos: aprendi que eu não era mente, eu era um ser social. Além de raciocinar, eu tinha um papel. Eu era um estudante, filho dos meus pais – esse era meu mundo. Eu tinha um papel na sociedade, e tinha que cumprí-lo.

14 anos: aprendi que o meu papel na sociedade era limitante. Eu seria um corintiano, mas pra isso eu tinha que odiar palmeirenses. Mas eu não odeio palmeirenses! Então, se não sou um corintiano, quem sou eu? Comecei a perceber que esses grupos sempre têm falhas, e que eu, por ser capaz de percebê-las, tinha a obrigação de consertá-las.

18 anos: na faculdade aprendi que não adiantava consertar nada. Primeiro, porque não existe cultura certa e cultura errada. Elas simplesmente eram diferentes e eu tinha que respeitá-las.

21 anos: aprendi que, novamente, minha ideia estava incompleta. Realmente não existe certo e errado. Mas existe melhor e pior, e negar isso era um erro. Existem culturas que permitem as pessoas serem mais felizes e outras menos.

27 anos: aprendi que eu também não sou somente um ser social. Eu não sou mente. Eu pareço ser apenas um observador da realidade, e meu corpo, meus sentimentos, minha mente, meu papel na sociedade, nada disso me define completamente. Então, quem sou eu? O que somos nós? Será que um dia vou descobrir?

Gustavo Souto de Sá e Souza - EEEC/UFG

Um comentário:

  1. Quem sabe as respostas não existam e o que aprendemos na vida é aceitar as coisas como elas são, sem precisar enquadrá-las em categorias.

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