quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MANÉ VENDE SONHOS

Mané veio do interior com sua mulher Maria e a filharada. Ele já trabalhava, há um ano, na Encol como servente de pedreiro.

Com a falência da construtora, Mané perdeu o seu ganha pão, o da sua mulher e da numerosa prole.

Desempregado, Mané bateu de porta em porta das firmas à procura de serviço. Depois de muita peregrinação, cansou e desistiu.

Como Maria fazia umas quitandas, ele teve uma ideia: a esposa fabricava sonhos e ele iria vendê-los nas ruas da capital.

Assim, ficou combinado e Maria fabricou os primeiros sonhos e Mané saiu pelas ruas de Goiânia oferecendo. No primeiro dia, ele vendeu todos os sonhos e conseguiu levar a realização para casa.

No segundo dia, Mané preparou a sua bandeja de sonhos e ganhou as ruas. Ficou parado na Praça do Bandeirante oferecendo o produto: olha o sonho, mate aqui a sua fome, compre sonhos! Não demorou muito e Mané viu um corre-corre de ambulantes com a senha: “corre, lá vem o rapa”! Mané não conhecia a dura realidade de quem ganhava a vida nas ruas e continuou tentando vender seus sonhos. Logo, chegaram os fiscais da prefeitura, acompanhados dos guardas municipais, tomaram a bandeja de sonhos de Mané e levaram.

Mané não entendeu a brutalidade dos fiscais e voltou para casa desolado. Ele não sabia que era proibido vender sonhos nos logradouros públicos.

No terceiro dia, ele voltou com o objetivo de vender seus sonhos. Mas já sabia que era proibido vender sonhos nas ruas e ficou atento. Quando ele ouviu a senha: “Lá vem o rapa”, cuidou de correr com seus sonhos, pois dessa venda, dependia a sobrevivência dele, da sua mulher e da filharada.

Geraldo Pereira dos Santos - MUSEU/UFG



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