domingo, 26 de julho de 2009

Quem tem amigos, tem tudo

Laura era uma bela moça. Tinha alguns bons amigos. Ela fazia a segunda série do Ensino Médio. Era uma boa aluna que, apesar da pouca participação na aula, em virtude de sua timidez, tirava excelentes notas. Seus colegas de classe sempre a procuravam para pedir ideias e sugestões para os trabalhos escolares.
Um certo dia, Laura confessou à Rosa, uma de suas melhores amigas, que se sentia triste, pois já estava com dezesseis anos e nenhum garoto havia demonstrado algum sentimento ou interesse para com ela, até então. A tristeza era tamanha que Laura chegou a perguntar se havia algo de errado com ela. Rosa lhe explicou que talvez o momento certo não tivesse chegado e, sendo assim, ela não deveria deixar que este fato prejudicasse sua autoestima. Laura concordou com Rosa.
Depois desta longa conversa, ambas decidiram ir à lanchonete. Elas foram caminhando pela autoestrada para chegarem mais depressa, pois estavam famintas. No meio do percurso, Rosa lembrou-se que havia duas peras em sua mochila. As garotas comeram as frutas para amenizar a fome.
Ao chegar à lanchonete, Rosa pediu pão com linguiça, e Laura um sanduíche de mortadela. Elas deram cinquenta reais para pagar a conta e o garçom lhes devolveu o troco. Elas sentaram-se à mesa, junto com outros amigos da escola. Comiam, conversavam, gargalhavam. E Laura nem se lembrava da tristeza que havia sentido por ainda não ter encontrado o amor. Não tinha o namorado, mas possuía outros bens extremamente preciosos, os amigos.
Danielle Simiema Araujo










E agora, José Karlos!

A velha passou e a nova reforma chegou!
E agora, José Karlos!
Pare um pouco para me escutar!
Nem consegui a velha ortografia memorizar ,
e já tenho a nova pra me familiarizar!
Nessa correria que estou,
saber o que fica ou o que deixa de ficar,
é de amargar!
Ah, tenho uma ideia
vou precisar fazer uma assembleia
com meus colegas de trabalho
que estão hiper-resistentes com tudo isto,
para poder o que eu aprender, repassar.
Eles estão brigando à toa,
não há quem apazigue esse bafafá,
é preciso que cada um averigue com cuidado
onde vai ter que acentuar,
e assim eu não precisar me preocupar,
pois eu não quero ver a Profª Ana Cleide se descabelar,
com os erros que vou mostrar,
caso eles continuem a me chatear.
É, José Karlos,
a velha passou e a nova reforma chegou!
Bom pra você
que não precisa mais explicar
o porquê do seu K ao invés do C,
já que agora, temos mais três letras no alfabeto para soletrar.

Silmara Epifânia de Castro Carvalho – IME/UFG

Domingo de manhã

Frio em Goiânia, uma raridade. Domingo pela manhã, cobertor quentinho, a corrida de fórmula um está para começar. De repente, como em um passe de mágica, aquela senhora com quem me casei há vinte anos se levanta parecendo o Batman, toda de preto, dá um salto mortal feito o bruce lee e me tira da cama para fazer compras. Ah! Se soubesse disso em mil novecentos e oitenta e nove. Levantei furioso. E, como lá em casa sempre tenho a última palavra, respondi brutalmente feito o maior primata da terra: Já vou meu bem! Peguei aquela calça de sábado que quase dormi com ela e fui com a dona encrenca.
Na lista de compras tinha entre outras coisas: linguiça, arroz, feijão, muito bacon (para o incrível hulk que estava verde de fome ao meu lado, e olhando se alguma gatinha me dava moral), chuchu (para dieta, até parece), carne bovina de toda qualidade, suína, frango. Nossa! Desse jeito ela vai me quebrar. O hipermercado estava cheio, todos os maridos presentes, namorados, noivos, pareciam “zumbis”. Passei pelo extrato de tomate e pensei: Será que o Massa largou bem? Mais na frente, esbarrei em uma velhinha que estava parando todo o trânsito, não sei por qual motivo, lembrei do Barrichelo.
Estava em paranoia. Quando ela me pediu para entrar na fila do pão, quase tive um ataque. A fila estava imensa. Meu Deus! Me deram senha, contrassenha. Já estava a um passo da loucura, enquanto a bonita comprava antirrugas, como se fosse adiantar alguma coisa! Ao chegar em casa, a corrida já tinha terminado, só estava o Galvão Bueno exaltando o Janson Button. Sentei no sofá, muito furioso, quando ela gritou lá da cozinha que a ultrassonografia de nossa filha havida dado positivo. Pelo menos uma boa notícia.
Vicente Daniel de Sousa Neto

Antiarrumação

Repentinamente, teve uma grande ideia
Era brilhante, porém, dotado de frequente rebeldia
Clamei que lhe trouxessem a mãe
Somente a genitora poderia aplacar-lhe a fúria
Pobre engano
Tomado de súbita inquietação, colocou em prática o imaginado
Atirou tudo que lhe vinha à frente, partiu em pedaços
Rasgou folhas e triturou bolbos ao voo das mãos
O resultado da ira nos foi dificilmente assimilado
Era maravilhoso. O caos criador
A mãe, coautora do fato, teve que admitir:
Era a melhor salada já preparada no célebre restaurante
Foi aquele o início de um superchef

Tiago Felipe de Oliveira
Servidor Técnico-Administrativo em Educação na UFG.

O modo como as pessoas veem a realidade

Pouco a pouco aprendemos que nem tudo que parece é, por isso devemos ser cautelosos ao julgar as situações.
Se uma pessoa é antirreligiosa, não significa que seja uma pessoa má, ou mesmo que não acredite em Deus. Assim, como não só o que é complexo, pode ser super-interessante, algumas coisas possuem magnitude na sua simplicidade. E o que desperta beleza para uns, pode representar feiura para outros. Portanto, nem toda ideia que nos parece coerente, é vista sob a mesma ótica por outras pessoas.
É válido sempre lembrar que o modo como os outros veem a realidade está ligado às experiências e aprendizagens de cada um. Ou seja, tudo parte da maneira como as pessoas leem o mundo.
Elis Veloso

Tarde de segunda-feira

Numa tarde de segunda-feira, ao término de mais uma aula de produção de texto, a professora teve uma ótima ideia para que nós, alunos, pudéssemos assimilar as novidades acerca da nova regra ortográfica da Língua Portuguesa, assunto trabalhado em sala, desde o início do curso.
O exercício de fixação era para ser feito em casa. Tínhamos que produzir um pequeno texto contendo pelo menos cinco palavras que haviam sofrido alterações com a nova regra. Inicialmente achei que seria fácil; mas, ao me deparar com as mudanças, fiquei horas tentando encontrar as cinco palavras que poderiam ter coerência dentro de um único parágrafo, pois queria escrever algo sucinto, objetivo, sintético. Pensei, repensei, rabisquei algumas frases, mas tive que assumir: preguiça pura! Parei e fiz uma autoavaliação da minha pseudo-objetividade e, num ato heroico de tentar conseguir alguns 'pontinhos' com a atividade extrassala, resolvi narrar a dificuldade que tive com o 'sumiço' do acento agudo nos ditongos abertos das palavras paroxítonas (exs.: plateia, alcateia); com a utilização ou não do hífen, de acordo com os prefixos e as iniciais dos segundos elementos de determinadas palavras (exs.: autoestima, anti-inflamatório); com o acento circunflexo que 'caiu' das palavras terminadas em 'oo' (exs: voo, enjoo); com a dupla grafia para diferenciação de algumas palavras (ex.: amámos, em vez de amamos); o 'desaparecimento' do acento diferencial em outras (exs.: pelo – substantivo e pelo – preposição); e com a 'queda' do trema ( ¨), que eu já não utilizava mesmo.
Enfim, espero que a professora, que é uma joia de pessoa, averigue no meu desabafo, as benditas cinco palavras que me instigaram e me auxiliaram no entendimento, ainda que superficial, porém significativo, sobre a nova reforma ortográfica.
Ludmilla Otaviana de Sousa e Silva

De Brasília para São Petesburgo


Tudo aconteceu em meados de junho do ano passado. Preocupada com as horas de atividades extracurriculares que deveria cumprir, m pus a pensar em algo que eu pudesse fazer, algum evento do qual eu pudesse participar. Então, tive uma ideia: acessei a página do Centro Cultural Banco do Brasil, de Brasília, e conferi a programação. Descobri que aconteceria nos próximos dias uma exposição chamada “Virada Russa”. O título muito me interessou. Tratava-se de uma exposição de quadros de superpintores, hiperfamosos, todos Russos: Kandisnski, Maliévitch, Chagal. No total, 123 obras que pertenciam ao Museu Estadual de São Petesburgo.
Logo, levei a ideia para os meus colegas de sala da faculdade e, depois de realizada uma assembleia, a turma toda decidiu se organizar e visitar a exposição. Sabíamos que não seria fácil conseguir o ônibus da Faculdade, porque o diretor era um enjoo, mas isto não nos desanimou.
Fizemos uma lista com os nomes dos alunos interessados e com muita tranquilidade fomos falar com o diretor. Entramos em sua sala e relatamos a situação (eu e outras duas colegas, superanimadas). Depois de ouvir-nos, ele, com um olhar repressor nos disse “NÃO”.
Que feiura! Um professor de Artes, impedindo seus alunos de irem a uma exposição! Teríamos que ter uma ideia fenomenal e uma atitude heroica para conseguirmos conhecer os quadros russos.
Resolvemos, então, em troca do micro-ônibus, fazer uma apresentação depois da exposição, no miniauditório da Faculdade, sobre o que veríamos em Brasília. A ideia agradou não só ao diretor como à turma toda, e, mais do que uma simples apresentação, organizamos, na faculdade, a “Semana da Arte Russa”. Enfeitamos todo o prédio com pôsteres informativos, imagens, nos fantasiamos, exibimos música nos intervalos das aulas, fizemos saraus em que eram declamadas as poesias dos escritores russos tais como Maiakóvski e Anna Akhmátova.
Enfim, a ideia inicial rendeu mais frutos do que o esperado! A arte mais uma vez nos surpreendeu!
Bruna Junqueira Ribeiro (FAV-UFG)