segunda-feira, 3 de setembro de 2012

É PRECISO NAVEGAR



O sopro varria os ditongos
O sopro varria os hiatos
O sopro varria as palavras
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aulas, de explicações, de alunos
 

No Porto da Karina
Currículo, entrevista, perfil
Todos os recursos misturei
Desconstruí as formalidades
Com a Dalylah conversei
Do conhecimento explorei
LP para graduados em TI
Ensadeci, nada sei
 

Com a vela da Gramática
Sem saber navegar
O porto seguro deixei
Na relação do programa
Reforma ortográfica
Concordância verbal, nominal
Acentuação, pontuação
Sucesso do cursista
Sem coesão e sem coerência fiquei

 
Synara me chamava ao Porto
Célia Maria me levava ao mar
Eis que chegou Ediane
Que veio da Arquitetura
Minha vida complicar
Tudo se encaixou numa forma
Farley, Kleberley, Wagsley, como se fosse lei
E eu nadava, nadava
Bebia água, afogava
Sem nunca sair do mar

 
Foram tantas as risadas
E pitadas...
Que eu quase morri de ver
De repente, Roseweltty, Deimisson,
Doriedson, Edenilson e Englesson
Vieram me ensinar a soletrar
Coisa que eu nunca quis aprender

 
Pra acabar com minha paciência
Desceu do céu a Aparecida
Que apesar de ser natalina
Não é a Nossa Senhora
É Silvia, que ironia!
Com tamanha incoerência
Não sei mais o que fazer
Um samba do Molejo
Isso não posso
Vou enlouquecer

 
Iniciei meu texto
Querendo imitar Bandeira,
Gil Vicente, Ruth Corrêa e outros
Camões, coitado, que diria!
Depois dessa, o Roberto
Que nem da França é
Regis, Ricardo, Regenilde, José
Vejo vocês em outro curso
Produção de Texto, quem sabe...

 
Onde me levará esse curso?
Que barco mais tomarei?
Irei ao céu, ao inferno?
Valei-me, Cássio! Valei-me!
Se Cleiton for Divino
Um Leite Furtado tomarei
Alex, Carolina, Grazienne
Marcela, Luciana, Eliane
Deuses do Olimpo,
Valei-me!

 
De tempestade em tempestade
Perseu, Ulisses, Enéas
Errantes navegantes
Encontrei Hermes, Hugo
Calados, calmos, prudentes
Pude navegar tranquilamente
 

Novamente eu inconstante
Falando de ortografia, ortofonia
Sou concha? Sou asa?
Pra completar a confusão
Chegaram outros estudantes
Infinitas vozes, sorridentes 
Sem esperança, o Olimpo divisei
Mas, o quê? A procela me alcançou
Levou-me ao mar, naveguei...

 
Eis que chegam, conduzindo
A nau da nova era
Luiz Cesar, Márcio, Sanzia
Otimistas? Entusiasmados?
Mas que linguagem eles falam?
A linguagem da LG
Que está repleta de sistemas
De trabalhadores que valem a pena

 
E o sopro varria os dias
E varria a minha tristeza
O sopro varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia de grandeza
Por isso, “a arte de viver é simplesmente a arte de conviver”.
E, na LG, trabalho é visto com prazer
Tripulantes do navio LG, avante!

 
(Ana Cleide Sales)


 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

MANIFESTO EDUCACIONAL

Começaram com a extinção dos projetos nas escolas, depois com a extinção da função de dinamizador de laboratórios (informática e ciências); em seguida, eliminaram a função de bibliotecário. Isto é, abortaram o acesso à pesquisa, à ciência, à leitura, à escritura; contrariando, desse modo, todos os princípios que regem o sistema educacional e deixando nosso alunado à margem da sociedade, visto que o objetivo desses projetos era transformar o ambiente escolar em um espaço comunitário, assegurando ao discente as condições básicas para o exercício pleno da cidadania, da cultura da paz e a sua permanência nos estudos. Neste caso, esqueceram de promover a valorização do bem público e o protagonismo do jovem. Nós, servidores da Educação em Goiás, estamos passando por um processo histórico, uma vez que todas as conquistas adquiridas ao longo de muitos anos – a exemplo de nosso plano de carreira, que prevê a gratificação por titularidade – foram simplesmente anuladas; destruindo, assim, a carreira do professor e do funcionário administrativo, incluindo os aposentados que recebiam, conforme o plano de carreira. Tudo isso está acontecendo porque temos como Secretário de Educação um economista que preconiza: “Lugar de professor é na sala de aula” e, que se diga, de passagem: “Sem valorização profissional, trabalhando com falta de dignidade”. Diante desse quadro vil, pergunta-se: "Por que todos querem economizar na Secretaria de Educação? Por que não tentam (pelo menos) economizar em outros órgãos?". Como é sabido por toda sociedade, certas secretarias merecem, de forma premente, um secretário economista. Melhor dizendo: “Lugar de economista é na Secretaria da Fazenda”.     
Na faculdade, aprendemos que, para lutar por uma educação de qualidade, deve-se por em prática os quatros pilares da Educação, segundo a UNESCO – Órgão da Organização das Nações Unidas/ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura: i) aprender a conhecer; ii) aprender a fazer; iii) aprender a conviver; e iv) aprender a ser. Há um adágio persa que diz: “Calar-se quando é preciso falar é sinal de fraqueza”. E é por isso mesmo que nos resta expor/falar sobre as nossas inquietações, pois essa fraqueza não nos atinge. Como vamos praticar esses pilares educacionais diante de tantos desmandos e atos reacionários do governo de Goiás? Como continuar com a função de transmissor de conhecimentos, de mediador do processo de ensino-aprendizagem sem valorização profissional? Como melhorar a qualidade da Educação, se o Estado não cumpre com o seu papel?  Como aprender a conhecer, ou seja, aprender a aprender, exercitando os processos e habilidades cognitivas? Como aprender a fazer, envolvendo o âmbito das diferentes experiências sociais e de trabalho? Como aprender a conviver, direcionando a descoberta progressiva do outro e participando em projetos comuns? Como aprender a ser, contribuindo para o desenvolvimento total da pessoa, ensinando a elaborar pensamentos autônomos e críticos? 
Senhor Governador Marconi Perillo, Senhor Secretário Thiago Peixoto, será que vocês não percebem a maldade que estão fazendo com o trabalhador da Educação da rede estadual de ensino de Goiás? E não se esqueça, Senhor Governador, que o professor é um formador de opinião e tem poder de persuasão! Só o senhor não nota que o seu Secretário de Educação está querendo lhe “queimar” perante a sociedade (se já não lhe queimou). O que nós, professores, queremos é o respeito ao nosso plano de carreira, a volta das nossas conquistas árduas. Isso é Ética (princípio básico em defesa da vida). Ética é colocar-se no lugar do outro. Excelentíssimos Senhores, coloquem-se em nosso lugar e sintam o que é perder os direitos adquiridos e sofridos. E lembrem-se: “Na vida, não vale o que temos, nem o que sabemos, nem o que fazemos; vale o que somos”. E os Senhores Marconi Perillo e Thiago Peixoto, são, nesse momento extremo, os adversários da Educação Pública em Goiás.   
PS: não foi revelada a autoria do texto, para evitar represálias.

domingo, 23 de outubro de 2011

EVASÃO OU DESMOTIVAÇÃO?

Confiar em um futuro melhor
Essa é a questão
Devemos ser asa
Solução ou imaginação?

Mas, e nossos alunos
O que são?
São conchas... Estão engaiolados...
Ou falta aspiração?

A educação está aí
Avançamos, com certeza
Estamos progredindo,
Porém falta ‘grandeza’.

O sistema empurra para a escola
A escola para os pais que
Empurram para os professores
Nesse ínterim, falta paz.

São muitos os problemas:
Reprovação, distorção, evasão
Para acabar com esses ‘ão’
Temos que ter dedicação
Que começa com motivação
E que se chama ‘valorização’.


(Profa. Ana Cleide Sales-Set/2003)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nova crônica sobre a reforma ortográfica

O trema caiu.

O que será agora da linguística sem seus pontinhos (¨)?

O K, o W e o Y, que por tanto tempo eram usados sem autorização, agora foram

oficialmente legalizados.

O hífem, coitado, mudaram de lugar em várias instâncias, sem ser consultado.

O acento diferencial, não diferenciara quase mais ninguém.

Outros acentos também sofreram uma espécie de repressão.

O agudo (´),  coitadinho, nunca mais poderá subir na jiboia, nem fazer uma

assembleia, sem antes surgir uma nova ideia.

O circunflexo (^) não pode mais dar o plural aos verbos crer, dar, ler e ver.

Então, das demais mudanças, credo nem eu mais sei o que dizer!

Milena Fernandes Teixeira - FL/UFG

Brasil

Brasil, terra de verdes mares, céu azul anil e florestas fantásticas...

Brasil, meu país de maravilhas, cheio de cores e magia...

Brasil, de um povo batalhador, e que busca por amor...

Brasil, terra de sonhos de criança com sorriso de esperança...

Brasil, retrato que pinta o pintor...

Brasil, poesia que inspira os poetas...

Brasil, lugar que faz o cantador cantar suas histórias em festas...

Brasil, de gente brava e forte, que também conta com a sorte para encontrar um norte,

na imensidão de sua grande extensão...

Milena Fernandes Teixeira - FL/UFG

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Noites Frias: um diálogo com Drummond

Meu pai vestia o macacão, ia trabalhar Minha mãe ficava no terreiro a acenar
O cão sarnento a calda balançava
Mais uma noite fria, a solidão batia
Mamãe ia até a casa da vizinha
Gastava saliva enquanto o sono chegava.

No dia seguinte bem cedinho
Com a voz rouca chegava papai
Gelado daquela noite de inverno
Nas mãos o pão quentinho
Coava café e o leite fervia
E assim prosseguia o dia.

A rainha da casa despertava
Enquanto o rei dormia
Psiu... silêncio...
Na cama adormecia
O mestre das noites frias.

A hora do almoço chegava
Carne seca escondidinha.

O crepúsculo na serra surgia
Noite escura, para o trabalho, papai seguia.

Elisete Nascimento Santos
HC/UFG

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tristeza do Hífen

             O Trema lamentou sua extinção, pensando que o tal acordo feito entre os países de Língua Portuguesa fosse uma tramoia. Ele, no entanto, é que é feliz! Reclama de barriga cheia por ter sido extinto das palavras portuguesas. Quase não era lembrado... Não entendo sua tristeza! Deveria estar tranquilo. Nunca foi super-homem como eu que aguento tudo! Como sinto inveja dele! Ah, como eu gostaria de ser devastado, “tsunamiado” da Língua Portuguesa! Estou paranoico, contrariado, me sinto um joão-ninguém. Se fizessem um abaixo-assinado, um anteprojeto, defendendo a minha extinção, haveria milhares de adeptos. Sinceramente, estou depressivo, melancólico, pois com ou sem minha presença o sentido das palavras não muda. Então, para que sirvo se a minha presença não faz diferença? Que feiura desses países que assinaram o acordo! Fiquei até com cefaleia. Nem o meu bem-sucedido Brasil, nem Angola, nem São Tomé tiveram a ideia de me eliminar. Meus usuários agradeceriam. Eu poderia, pelo menos, ser ouvido, ser respeitado, pois dos 0,3% das alterações do acordo, ocupo o primeiro lugar. Alguns mandachuva como girassol e passatempo foram solidários ao meu sofrimento e me eliminaram de seus planos. Assim, não os acompanho mais. Sem conhecerem a minha real vontade, alguns ponderaram o seguinte: “Já eliminamos o trema, não podemos eliminar o hífen, pois representa a maioria das modificações feitas.” De certo, pensaram estar contribuindo com minha autoestima. Engano! Foi tudo diferente daquilo que desejava... Tenho, agora, que dizer: Cheguei – para os mal-humorados; Tô na área – para os recém-casados; Agora vocês vão ter que me engolir – para os sem-teto. Por que não fui extinto?! Fico, agora, em zigue-zague, num corre-corre, num tira-põe, feito uma “Maria vai com as outras”, dando trabalho pra todos. Mas agora, para! Chega de paranoia, pois ainda me resta, um consolo: vou me preparar para o próximo acordo! Quiçá, meu anti-herói, Portugal, abrace meu voo e desta vez me dê seu apoio com braços fortes.

Suely Regina Corsino do Carmo
Centro de Seleção/Universidade Federal de Goiás