quinta-feira, 25 de março de 2010

O dia de um professor


Bip, bip, bip, bip o despertador toca, são cinco horas da manhã, o professor olha para o lado e vê que a sua noite acabou. Ele sempre coloca o despertador, um rádio relógio, para despertar às cinco, mas só levanta às 5h:15min. Então ele tenta dormir mais um pouco, só que a ansiedade não o deixa.
Bip, bip, bip, bip, o despertador toca novamente, agora já são 5:15 e ele tem que se levantar. Enfim, o nosso professor se espreguiça uma, duas, três vezes e dá aquele salto da cama, seu dia vai começar. Calça as suas velhas sandálias do tipo havaianas, pega uma toalha que está sobre a cabeceira de sua cama e dirige até o banheiro. Chegando lá, o nosso protagonista, após realizar as suas primeiras necessidades fisiológicas básicas, abre o chuveiro com a chave no quente e começa o seu banho acompanhado, é claro, pelo horrível timbre de sua voz, tentando entoar uma música.
Após três minutos, o seu banho está encerrado. O nosso personagem é rápido e objetivo. Depois, ele se enxuga com a toalha que ainda estava um pouco molhada do banho realizado, na noite passada. Escova os dentes e volta para o quarto para vestir a sua roupa.
Estilo de roupa de professor é variado. O nosso personagem usa uma calça jeans surrada, uma camiseta do tipo gola polo e um tênis básico. Já são 5:30, o docente precisa sair logo, se não, ele perde o “busu”. Abre o seu portão, nota que a rua já está movimentada, o botequim do “seu” João já está aberto e a padaria do vizinho também. Pede um café preto num copo descartável e segue para o ponto de ônibus.
Exatamente 05h45, e o primeiro coletivo do nosso professor chega na parada de ônibus. Dali até o centro gastará de 15 a 20 minutos. Após esse tempo, o nosso mestre chega, no centro da cidade. Segue em direção a um dos terminais do eixo Anhanguera. Toma o famoso ‘transurbão’ no sentido do terminal da Praça da Bíblia, chegando lá, por volta das 6h20 minutos.
Em seguida, deixa o terminal e vai para um posto de gasolina próximo esperar o ônibus que irá levá-lo até a cidade de Anápolis. Quando ele entra no ônibus, são 6:35. Entre 7:20 e 7:30 ele estará no município de Anápolis. Dentro do ônibus, as opções são variadas: repassa a sua aula ou conversa com um companheiro ao lado ou dorme um pouco. Nesse dia, o nosso professor preferiu dormir.
Às 7:25, já dentro da faculdade, o educador se dirige à lanchonete compra dois pães de queijo e um café com leite para “forrar” o estômago, pois logo começaria a sua luta. Às 7:35, já atrasado, assina o seu ponto, pega o seu diário e dirige-se ao seu laboratório de aula.
Nesse dia, como de costume, tudo ocorreu dentro da normalidade: alunos interessados, uns poucos desinteressados, intervalo para lanche, intervalo para almoço; pedidos para ir ao banheiro, para resolver problemas na coordenação. Um pouco de psicologia com alguns ou outros alunos. Dizem que todo professor tem um pouco de psicólogo também e, principalmente, aquela famosa frase: “professor, posso sair mais cedo hoje?”.
O dia passou, e às 17:15 o nosso professor fez todo o caminho de volta. Ônibus de Anápolis à Goiânia, parada na Praça da Bíblia, transurbão até o centro da cidade e, de lá, até o seu setor. Chegando ao seu setor, ele não parou na padaria do vizinho, mas sim no botequim do “seu” João e pediu uma cerveja super gelada, afinal ninguém é de ferro.
Daqui em diante, é impossível continuar a história do nosso mestre, pois foram tantas cervejas naquele dia!...

Juvan Pereira da Silva
Técnico de laboratório do Instituto de Química/UFG

De quem é a culpa?


No Brasil, a linha tênue que separa a intolerância da barbárie é a mesma que divide a tolerância da indiferença. Este par de opostos é revelado e percebido, através de acontecimentos recorrentes que impressionam, mas não mais surpreendem a sociedade brasileira.

Diariamente notícias e relatos sobre violência, corrupção, fome, desemprego, miséria, impunidade, são anunciadas pela mídia, aumentando a sensação de insegurança e impotência experimentada pela população que está, cada vez mais, assustada e apática frente às transformações do mundo moderno. Onde procurar as causas do sofrimento dos famintos e doentes? Quem culpar pela dor e angústia provocada pela violência e pelo tráfico? Como responsabilizar os representantes corruptos e injustos? No Brasil, assim como no restante do mundo, essas perguntas são reformuladas a cada nova geração de problemas e conflitos sociais que se apresentam transformando o cotidiano dos cidadãos, que anseiam por soluções urgentes capazes de possibilitar a organização de planos, a concretização de projetos de vida e a realização de sonhos, muitas vezes interrompidos por ações intolerantes e reações indiferentes. A insegurança se constituiu a palavra de ordem. Estamos perdendo as expectativas, as esperanças, o controle. Estamos sobrevivendo, tentando superar as incoerências, diante das incertezas do próximo minuto.

A vida em sociedade e a convivência entre instituições e indivíduos devem ser permeadas de respeito, com reconhecimento das diferenças; só assim, poderemos vislumbrar um mundo melhor. Portanto, identificar e solucionar os problemas advindos das relações humanas é uma função coletiva.

Ludimilla Otaviana de Sousa e Silva
Assistente em Administração do Instituto de Física/UFG.