sexta-feira, 23 de abril de 2010

Lembranças



Fez-se outono na brachiara,
As cigarras cantam, cantam,
É uma sinfonia que encanta
O cheiro da terra úmida perfuma o ar
E a vontade de contemplar tudo se faz repensar
Fecho-me no calor do fogão a lenha
Salivando para o jantar
É tempo de parar.

O corpo pede o descanso,
Os olhos teimam em fechar
Num bocejo lânguido, preciso repousar.
Da lamparina brota a penumbra
As sombras surgem à medida que as feições se vão
É tempo de desligar.

Pensar e repensar no labor de amanhã
Mais que lamentar pelo que há por fazer
É tempo de agradecer.

Num pensamento perdido, abraço Morfeu
O sono de mansinho como um afago de carinho
Envolve-me sem pensar
É tempo de sonhar.

Vejo-me menina numa cantiga de roda
Cantarolando e brincando
Vejo-me mulher com um passado radiante
É tempo de acordar.

Leila Abou Salha - Faculdade de Farmácia/UFG

Para quem para: parabéns!

Para quem para na faixa de pedestres: pare de ter medo de colisões traseiras!
Pelas leis de trânsito, deve-se parar. Pode até parecer um ato heróico,
Convém seguir. Chorar depois, não haverá como remediar.
Para os que creem em Deus: parar é ato de respeito ao próximo.
Não sou antirreligiosa, sou também cidadã.
Uns minutinhos a mais no percurso não nos tira do curso
Nem aumenta nossa ânsia de chegar.
Para os que se magoam facilmente, essa não é uma repreensão
Provem de uma constatação: somos todos pedestres.
Parabéns, para quem para! Para quem não para, esse mal-habituado, não custa mudar.
A vida agradecerá, inclusive a sua.

Leila Abou Salha - Faculdade de Farmácia/UFG