quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MISTURA FINA

O Brasil é país continental dada suas dimensões geográficas, mas não somente: o Brasil é sui generis por abarcar, na sua formação cultural, um mosaico de povos, línguas, costumes, crenças, tradições. Isso o transformou numa nação plural, principalmente no que se refere à diversidade humana e, consequentemente, aos aspectos epistemológicos, políticos, ideológicos e religiosos de sua população.

Do norte ao sul muitas são as influências; no entanto, o brasileiro convive entre si de forma inusitada: católicos com protestantes, espíritas kardecistas com umbandistas, ateus com budistas, judeus com mulçumanos e, claro, sertanejos com roqueiros, funkeiros com pagodeiros, eruditos com populares. Na política, nem é preciso mencionar, o Congresso Nacional é uma colcha de retalhos de tantos partidos e siglas ideológicas, uns dogmáticos, outros nem tanto e, ainda, há os que nem sabem o que isso significa.

No esporte, amamos o futebol e vibramos com o automobilismo, improvisamos rede na rua para jogar vôlei, entendemos de ginástica e até campeonato de bolinha de gude nos une em frente à televisão. Adoramos uma feijoada, mas não deixamos escapar um sushi. Bebemos cerveja, vinho, cachaça, açaí, santo daime, garapa e até jesus.

Nosso perfil psicológico é engraçado... por um lado, somos uns “narcisos às avessas”, como dizia Nelson Rodrigues, de um pessimismo ao nível “se tudo pode dar errado, dará mesmo!”. Enaltecemos tragédias, nem sempre reconhecemos nossos avanços... tudo nosso é ruim: problemão de autoestima. Por outro lado, há o deslumbramento, a crença religiosa, o fascínio por novela, futebol (sempre somos os melhores jogadores do planeta) e muitos pensam e chegam até a pronunciar que Deus é brasileiro... Enfim, nosso melhor momento é quando essas duas partes se encontram e fundem-se. O resultado é o retrato do brasileiro genuíno: solidário, trabalhador, inventivo, engraçado, inteligente, esperançoso, alegre.

Nossa sorte foi e é exatamente a miscigenação, ter sangue indígena, africano, europeu, asiático, árabe e por ai vai... Somos muitos, somos diferentes; mas, ao mergulharmos nas águas da “mistura”, vimos à tona sempre e ainda mais brasileiros.

Danyelle Nery Ramos - DDRH/UFG

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