quarta-feira, 26 de maio de 2010

Loucografia necessária


Acostumar com a modificação da grafia das palavras não é tarefa fácil. Escrever é uma ação natural, quase automática, pensamos e as palavras são transferidas da ponta da caneta (do teclado) para o papel, sem grande esforço mental.

Neste momento, contudo, como passamos por uma fase de adaptação, essa naturalidade sofre uma mitigação, devemos pensar na grafia das palavras antes de escrevê-las, realizar consultas em dicionários, pois, mesmo aquelas que não sofreram qualquer alteração, chegam ao papel cobertas de dúvidas e indagações.

Que tormento grafar ideia e jiboia sem acento, nem o computador aceita e, se agarrando à última esperança, as acentua, expondo orgulhoso na janela de regras - os ditongos abertos ei e oi das paroxítonas são acentuados. Eu grito com o computador, que é só o que me resta fazer: não são mais!
Dá uma vontade tremenda de colocar um acento circunflexo nos verbos da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou subjuntivo, tais como veem, deem, leem, creem. O enjoo e o voo estão tão estranhos sem acento.

Acredito piamente que não vou mais usar, para o meu próprio bem, as palavras com ou sem hífen, tamanha a confusão - micro-ondas, contrarrazões, suprassumo.

Mas o sumiço do trema é o meu maior tormento, aquele com o qual tenho os mais horríveis pesadelos. É um absurdo cinquenta, arguição sem trema. Dia desses sonhei com um delinquente perguntando, entre lágrimas e soluços, por quê?

Daniela Dias Robalo - FEN/UFG

3 comentários:

  1. Ótimo o seu texto, Daniela! Parabéns!

    Tem um título insano e o conteúdo rico e sadio.
    Foi muito bom lê-lo, pois eu estava mesmo precisando estudar para a prova do dia 14.06 e você me propiciou uma revisão geral nas novas regras ortográficas.

    Geraldo Pereira

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  2. O título é bárbaro e o conteúdo desenvolvido muito providencial. Legal mesmo. Parabéns.

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