sexta-feira, 1 de julho de 2011

Noites Frias: um diálogo com Drummond

Meu pai vestia o macacão, ia trabalhar Minha mãe ficava no terreiro a acenar
O cão sarnento a calda balançava
Mais uma noite fria, a solidão batia
Mamãe ia até a casa da vizinha
Gastava saliva enquanto o sono chegava.

No dia seguinte bem cedinho
Com a voz rouca chegava papai
Gelado daquela noite de inverno
Nas mãos o pão quentinho
Coava café e o leite fervia
E assim prosseguia o dia.

A rainha da casa despertava
Enquanto o rei dormia
Psiu... silêncio...
Na cama adormecia
O mestre das noites frias.

A hora do almoço chegava
Carne seca escondidinha.

O crepúsculo na serra surgia
Noite escura, para o trabalho, papai seguia.

Elisete Nascimento Santos
HC/UFG

Um comentário: