sábado, 19 de setembro de 2009

A FRAGILIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA

Após uma terrível agonia, o rapaz caiu imóvel no asfalto. Presenciei um pouco da cena, que me fez estremecer e ficar o resto do dia pensando na possibilidade de evitar tantos acidentes e de banir com a impunidade no trânsito. Uma maneira de neutralizar a angústia dessa situação é tentar relatar o ocorrido, que, por sinal, há pouco a relatar.
No momento do acontecimento, eu estava dentro de um coletivo indo para a aula de Produção de Texto da Especialização, na UFG, sentada ao lado de um ex-aluno. Comentava sobre uma de suas redações – violência. De repente, o aluno me mostra o acidente e eu inesperadamente olhei atônita aquela figura humana inanimada, sem força, sem vida. O pano branco destacava no centro da multidão. De um lado, o outdoor: “Coloque mais emoção em sua vida”. Do outro lado, os estilhaços da moto. No meio de tudo isso, as interrogações: “quem é?”, “o que aconteceu?”, “como foi?”. Tantas perguntas para poucas respostas.
É preciso que coloquemos mais emoção em nossas vidas sim, porém uma emoção com disciplina no trânsito, educação, mais amor, respeito e dignidade pela vida humana.
O ônibus prosseguiu o seu itinerário e eu comecei a refletir que esses desatinos aumentam, a cada dia, no nosso país, gerando, assim, um outro tipo de violência. Os motoristas transgridem as leis de trânsito; os dirigentes violam a lei da punição; a justiça é morosa e a sociedade, em geral, não tem consciência sobre o que é paz no trânsito, pois muitas pessoas levam a vida como uma aventura disparatada, esquecendo de praticar uma das virtudes mais relevantes do ser humano: ética (princípio básico em defesa da cidadania).
Quando, aparentemente, não havia mais motivos para pensar no acidente, veio em minha mente a lembrança de uma frase lida em uma das obras de Moacyr Scliar: “É importante ter piedade, a piedade dá sentido a nossa existência”. Foi preciso ver esse fato para que eu aprendesse essa coisa que nem sempre é ensinada pela família/escola. Com isso, constatei o descaso, o desmando em nossa sociedade atual, e também percebi como é frágil a nossa condição humana.
Profª Me. Ana Cleide Sales

2 comentários:

  1. O texto enviado é um belo exemplo de crônica, ao bom estilo de Fernando Sabino. Parabéns!
    PS: Gostei dos textos.

    Abraços,
    Débora Cristina Santos

    ResponderExcluir